Senta que lá vem história! História do surf, no caso, porque não basta praticar o esporte, também é maneiro saber como e onde ele surgiu, concorda? Aqui na Nômak nós somos fissurados nas raízes do surf e em tudo o que ele representa. Por isso, saca só que caminho louco que o esporte trilhou até chegar ao que é nos dias de hoje.
O explorador britânico James Cook estava no meio de sua terceira expedição no Pacífico quando sua frota parou no Havaí, em 1778. E quem poderia imaginar que essa parada seria crucial para a história do surf? Lá, na Baía de Kealakekua, Cook acabou sendo morto por locais ao fazer uma tentativa equivocada de sequestrar o alto chefe havaiano para forçar a devolução de um barco (supostamente) roubado. Infelizmente, um grande vacilo.
Depois desse incidente, James King acabou sendo nomeado primeiro-tenente e ficou com a função de completar a parte narrativa dos diários de Cook. Entre a morte de Cook em 1779 e o retorno da frota à Inglaterra, King dedicou duas páginas inteiras para descrever o surf — parece que ele ficou bem impressionado, não é? O texto abaixo é a primeira descrição sobre o surf feita por um europeu, o primeiro relato da história do esporte:
“Às vezes 20 ou 30 homens partem em direção ao mar e se deitam sobre um pedaço oval e plano de madeira; eles mantêm suas pernas fechadas em cima dele e seus braços são usados para guiar a prancha […] eles avançam com os braços para se manterem no topo [da prancha], isso faz com que alcancem uma velocidade surpreendente […]. Ao ver esta atividade muito perigosa pela primeira vez, não imaginei que fosse possível, mas que alguns deles deviam ser jogados contra as rochas pontiagudas, mas logo antes de chegarem à costa, eles abandonam suas pranchas e mergulham até que a rebentação arrebente. […] Pode-se dizer que esses homens são quase anfíbios. […] A atividade é apenas uma forma de diversão, não uma tentativa de [mostrar] habilidade […] devo conceber que seja muito agradável, pelo menos eles parecem sentir um grande prazer no movimento que este exercício proporciona.”
Vai dizer que não é até emocionante? Não lembra o êxtase que é entrar no mar em galera à espera da onda perfeita? Ficamos até arrepiados por aqui porque essa descrição tem tudo a ver com o estilo de vida Nômak.
Já naquela época, surfar deitado ou em pé sobre longas pranchas de madeira era parte integrante da cultura havaiana — os caras viviam bem demais, concorda? Até mesmo os líderes locais demonstravam seu domínio da prática e muita habilidade para pegar onda.
Tem um lance nessa história toda ainda mais antigo e irado! Nos dias de hoje, os antropólogos não conseguem cravar qual a origem e a evolução da prática do surf na cultura polinésia, já que não há nada escrito sobre isso. Sabe-se, no entanto, que a migração de humanos para além da Ásia em direção ao Pacífico oriental começou por volta do ano 2.000 a.C. e que os polinésios se estabeleceram dentro de um grande triângulo de ilhas, tendo Aotearoa (hoje, território da Nova Zelândia) ao sul, Tonga e Samoa na fronteira ocidental e Taiti e as Marquesas ao leste.
Os primeiros polinésios chegaram às ilhas havaianas no século 4 d.C. Os homens e mulheres que enfrentaram o mar para chegar até o Havaí levaram com eles seus costumes, incluindo o surf em pranchas de paipo. Embora se diga comumente que os taitianos ocasionalmente usavam pedaços de madeira no mar, a arte de surfar na vertical e em pranchas longas foi certamente aperfeiçoada, se não inventada no Havaí — agradecemos imensamente esses os caras por isso!
Pois bem, sabemos que expedição de Cook é o marco zero conhecido sobre a história do surf, mas o esporte é praticado há muitos séculos pelos povos destemidos do Pacífico. No próximo post, vamos falar sobre como o surf se reergueu após anos de ostracismo no Havaí e, anos depois, ganhou o mundo. Fique ligado!